domingo, 24 de novembro de 2013

Cardeal Alfons M. Stickler S.D.B: Não admira, pois, que Plínio Corrêa de Oliveira tenha sido objecto, e possa continuar a sê-lo no futuro, de campanhas difamatórias, alimentadas habilmente por aqueles que se opõem ao seu ideal de recristianização da sociedade.


"Como é que se obedece a um Rei? A resposta é simples: conhecendo-Lhe as vontades, e cumprindo-as com amorosa e pormenorizada exatidão. Assim, pois, o único modo de obedecermos a Cristo Rei é conhecer Sua Vontade e segui-la. Dessa noção tão clara, tão simples, tão luminosa, um programa de vida, também ele claro, luminoso e simples, se segue" (Plinio Corrêa de Oliveira).
 
O cruzado do século XX – Plinio Corrêa de Oliveira
Tradução do original italiano: Leo Daniele
Revisão e projecto gráfico: António Carlos de Azeredo
Livraria Civilização Editora, Porto, 1997
PREFÁCIO
do Cardeal Alfons M. Stickler S.D.B. *
Nos períodos de crise e de confusão que a História frequentemente registra, as biografias dos homens eminentes podem às vezes, mais do que os abstractos volumes de moral ou de filosofia, indicar o recto caminho.
Com efeito, os princípios devem ser vividos em concreto e quanto mais as condições dos tempos são hostis à encarnação histórica dos valores perenes, tanto mais se torna necessário conhecer a vida de quem colocou tais valores no centro da própria existência.
Isto sucedeu, no nosso século, com Plínio Corrêa de Oliveira, o grande pensador e homem de acção brasileiro do qual o Prof. Roberto de Mattei, com a competência que lhe é própria, compôs a primeira biografia na Europa a um ano da morte daquele, ocorrida em São Paulo, a 3 de Outubro de 1995.
Com a coerência da sua vida de autêntico católico, Plínio Corrêa de Oliveira confirma-nos a fecundidade da Igreja. De facto, para os verdadeiros católicos, as dificuldades dos tempos constituem ocasiões em que eles se destacam na História, para nela afirmar a perenidade dos princípios cristãos. Foi o que fez o eminente pensador brasileiro, mantendo alta, na era dos totalitarismos de todas as cores e expressões, a sua fidelidade inamovível ao Magistério e às instituições da Igreja. Ao lado da sua fidelidade ao Papado, apraz-me recordar um traço característico da sua espiritualidade que se manifestou na devoção a Maria Auxiliadora, a Nossa Senhora do Rosário e da vitória de Lepanto, por ele venerada na Igreja salesiana do Sagrado Coração de Jesus, em São Paulo.
Lembro-me ainda com satisfação de ter estado entre os apresentadores na Itália da obra magistral de Plínio Corrêa de Oliveira, "Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII", que na minha opinião constitui, ao lado de "Revolução e Contra-Revolução", um dos frutos mais altos do pensamento deste ilustre brasileiro.
Congratulo-me por fim com o autor desta obra, Prof. Roberto de Mattei, ao qual me ligam sentimentos de amizade e de consonância de ideais, pela mestria com que conseguiu apresentar-nos a figura e obra de Plínio Corrêa de Oliveira, de quem se mostra digno discípulo na Europa.
Todos os fundadores e personalidades de relevo na história da Igreja sofreram incompreensões e calúnias. Não admira, pois, que também Plínio Corrêa de Oliveira tenha sido objecto, e possa continuar a sê-lo no futuro, de campanhas difamatórias, alimentadas habilmente por aqueles que se opõem ao seu ideal de recristianização da sociedade. Tais campanhas caluniosas também atingiram, no nosso século, muitas outras associações católicas, contra as quais se quis lançar a pecha demoníaca de "seitas". É interessante notar que tais campanhas se tornam tanto mais agressivas quanto maior é a fidelidade católica das associações atingidas. Isso demonstra que o verdadeiro alvo das acusações é a Igreja, à qual se pretende negar o papel de "Mestra da Verdade" recentemente reafirmado pelo Santo Padre João Paulo II na encíclica Veritatis Splendor. É lamentável que a essas campanhas injuriosas, promovidas pelos inimigos da Igreja, se prestem por vezes católicos que se pretendem ortodoxos.
Faço votos de que esta biografia de Plínio Corrêa de Oliveira dissipe críticas e incompreensões e constitua um ponto de referência ideal para todos aqueles que, com generosidade, querem dedicar as próprias energias ao serviço da Igreja e da Civilização Cristã.
Tal obra de serviço à Igreja não requer apenas rectidão doutrinal, mas também vida interior e um especial espírito de penitência e de sacrifício, proporcionado à gravidade da hora presente.
Com a sua vida e obra, Plínio Corrêa de Oliveira dá-nos claro exemplo disso.
Asseguro as minhas orações e a minha bênção para todos aqueles que se farão imitadores e propagadores desse espírito e dessa visão autenticamente católica do mundo.
Alfons Maria Card. Stickler
Roma, 2 de Julho de 1996
Festa da Visitação de Nossa Senhora
* O Cardeal Alfons Maria Stickler, salesiano, nasceu em Neunkirchen (Áustria) em 1910. A sua particular vocação para o estudo das ciências jurídicas conduziu-o ao magistério no Pontifício Ateneu Salesiano, do qual foi, de início, Decano da Faculdade de Direito Canónico e, posteriormente, Reitor de 1958 a 1966. Pondo ao serviço da Santa Sé os seus elevados dotes académicos, após ter dirigido o Instituto de Altas Ciências Latinas foi nomeado Prefeito da Biblioteca Vaticana. Em 1983, João Paulo II elevou-o à dignidade episcopal e em seguida, ao nomeá-lo Cardeal com o título diaconal de São Jorge em Velabro, fê-lo Bibliotecário e Arquivista da Santa Igreja. É autor de importantes estudos teológicos e canónicos traduzidos em numerosas línguas.