domingo, 27 de outubro de 2013

Carta Encíclica QUAS PRIMAS, do Papa Pio XI, sobre a Festa de Cristo Rei

 

Pax et bonum!

Caríssimos, neste domingo (26/10), último do mês de outubro, o Calendário para a Forma Extraordinária do Rito Romano traz a Festa de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei, como estabelecido pelo Papa Pio IX em 11/10/1925.
Com a reforma pós-conciliar do Calendário Romano Geral, a festa passou a se chamar Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, e foi deslocada para o último domingo do ano litúrgico, ou seja, o domingo imediatamente anterior ao primeiro domingo do Advento.
A encíclica Quas primas, de Pio XI, explica de maneira detalhada os fundamentos desta Festa, fundamentos que deveriam ser recordados por cada cristão, em nossos tempos de tantas crises políticas, escândalos de corrupção e ascensão de verdadeiros inimigos de Cristo ao poder. Naquele ano, as palavras vibrantes de Pio XI, no espaço de tempo entre as duas grandes guerras que assolaram o mundo no século passado, traziam à memória imperiosos deveres para com o amado Salvador.
Esperamos que todos tirem bom proveito desta leitura, que vivamente recomendamos.
Como Pio XI pediu, a Festa de Cristo Rei é dia de renovar a Consagração do gênero humano ao Sagrado Coração de Jesus. O ato de consagração, em latim e português, pode ser lido aqui.
A Encíclica em latim pode ser lida aqui, bem como em espanhol aqui.
E em comunhão com tantos mártires cristãos, perseguidos nos anos imediatamente seguintes à publicação desta Encíclica, queiramos também bradar: VIVA CRISTO REI!

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DOCUMENTOS PONTIFÍCIOS

Pio XI

Sobre Cristo Rei

(Quas Primas)

II EDIÇÃO
1950

EDITORA VOZES LTDA., Petrópolis, R. J. RIO DE JANEIRO — SÃO PAULO

IMPRIMA-SE
POR COMISSÃO ESPECIAL DO EXMO. E REVMO.
SR. DOM MANUEL PEDRO DA CUNHA CINTRA, BISPO DE PETRÓPOLIS.
FREI LAURO OSTERMANN O. F. M, PETRÓPOLIS, 9-11-1950.

CARTA ENCÍCLICA
aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos
e Outros Ordinários em paz e comunhão com a Sé Apostólica: sobre Cristo Rei.

PIO PAPA XI

Veneráveis Irmãos, saúde e bênção apostólica.

INTRODUÇÃO.

1. Na primeira Encíclica, dirigida, em princípios do nosso Pontificado, aos Bispos do mundo inteiro, indagamos a causa íntima das calamidades que, ante os nossos olhos, avassalam o gênero humano. Ora, lembra-nos haver abertamente declarado duas coisas: uma — que esta aluvião de males sobre o universo provém de terem a maior parte dos homens removido, assim da vida particular como da vida pública, Jesus Cristo e sua lei sacrossanta; a outra — que baldado era esperar paz duradoura entre os povos, enquanto os indivíduos e as nações recusassem reconhecer e proclamar a Soberania de Nosso Salvador. E por isso, depois de afirmarmos que se deve procurar "a paz de Cristo no reino de Cristo", manifestamos que era intenção nossa trabalhar para este fim, na medida de nossas forças. "No reino de Cristo", — dizíamos; porque, para restabelecer e confirmar a paz, outro meio mais eficiente não deparávamos, do que reconhecer a Soberania de Nosso Senhor. Com o correr do tempo, claramente pressentimos o raiar de dias melhores, quando vimos o zelo dos povos em acudir, — uns pela primeira vez, outros com renovado ardor, — a Cristo e à sua Igreja, única dispensadora da salvação: sinal manifesto de que muitos homens, até o presente como que desterrados do reino do Redentor, por desprezarem sua autoridade, preparam, ainda bem, e levam a efeito sua volta à obediência.

PREPARAÇÃO PROVIDENCIAL DA NOVA FESTA. O ANO SANTO.

2. Quanto, ao depois, sobreveio, quanto aconteceu no decorrer do "Ano Santo", digno, na verdade, de eterna memória, porventura não concorreu eficazmente para a honra e glória do Fundador da Igreja, de sua soberania, de sua suprema realeza?

Exposição Missionária.

Realizou-se, primeiro, a "Exposição Missionária", que, nos corações e nos espíritos dos homens, produziu tão profunda impressão. Ali vimos os incansáveis trabalhos empreendidos pela Igreja, para dilatar cada vez mais o reino de seu Esposo, em todos os continentes, em todas as ilhas, até nas mais longínquas, perdidas no oceano. Vimos quantos países conquistaram ao catolicismo à custa de seus suores, de seu sangue, nossos heróicos e destemidos missionários. Vimos as imensas regiões que ainda ficam por sujeitar ao domínio benfazejo de nosso Rei.ler...