sexta-feira, 29 de março de 2013

Belíssima Hora Santa de Março Padre Mateo Crawley-Boevey

Belíssima Hora Santa de Março
Padre Mateo Crawley-Boevey

Belíssima Hora Santa de Março



"Tomai meu amor, minhas finezas e meus sacrifícios
e ponde-vos na ara do altar,
como um holocausto de reparação cumprida.
Vossa Rainha vos pede para Ele uma íntima prece...
Eu, a Imaculada, a Virgem-Mãe,
quero repetí-la convosco...”.

Adoramo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união com os nove coros de Vossos anjos, que Vos engrandecem no Paraíso.

Bendizemo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união com as legiões de serafins e de santos que Vos adoram em Vosso solitário Tabernáculo.

Glorificamo-Vos, Coração de Jesus Sacramentado, em união de amor e de reparação fervente com Maria Imaculada e Rainha do céu nas alturas, e a Soberana do céu terreno de Vossos Sacrários...

Oh, sim, em união com Ela, sobretudo, viemos cantar, Jesus, Vossas misericórdias infinitas e a chorar Vossas agonias místicas, os pecados de ingratidão do mundo e Vossas solidões na Hóstia! Em união com Ela, queremos nesta Hora Santa percorrer a Via Dolorosa, para convertê-la, com as glórias da Imaculada e com nossos consolos, no caminho de Vossas vitórias, e para fazer de Vosso Calvário o Tabor de triunfo de Vosso adorável Coração.

Jesus amado, depois de vinte séculos, não Vos conhecemos ainda o bastante em Vossa Santa Eucaristia; perdoai e aceitai em desagravo a visão amorosa de Maria Santíssima, as adorações de Seu Coração de Mãe... Jesus benditíssimo, não obstante Vossas liberalidades e as maravilhosas invenções de Vossa ternura, não Vos amamos ainda com a generosidade sem limites com que devêssemos corresponder-Vos...

Perdoai e aceitai, em compensação de nossa frialdade, os fogos divinos que abrasaram as entranhas e a alma de Maria Santíssima no dia da anunciação venturosa.

Jesus - Hóstia, amor de nossos amores, vida de nossa vida, apartai vossos olhos formosíssimos de nossos culpados desvios, de tantas indiferenças, de tantos desmaios em nossos propósitos de virtude, em nossas promessas de santidade... E perdoai em obséquio à Mãe, cujo Coração Imaculado vos oferecemos em reparação de caridade e em homenagem da mais fervorosa adoração.

Jesus Divino, em honra, pois, da Imaculada, em agradecimento aos cuidados da Virgem, em obséquio à encantadora Nazarena, rogamo-Vos, Senhor, que esqueçais os incontáveis esquecimentos de Vossa lei em que incorreram estes filhos Vossos, que vêm chorar suas faltas e as de tantos irmãos culpados no cálice de ouro do Coração de Maria Santíssima.

Recolhe nele nosso pranto de arrependimento e prometei-nos reinar, Jesus, com mais intensidade de fé, de amor, de humildade e de pureza em nossas almas, em nossas famílias, na sociedade inteira, pelo amor e os martírios da Virgem Mãe...

(Pausa)

(Dizei a Jesus em silêncio eloqüente que O amais muito, mas que desejais amá-Lo mais, imensamente mais ainda, em resposta a seu Coração, que solicita os nossos. Mas já que nossa pobreza é tão grande, oferecei-Lhe o dom incomparável, quase divino, do Coração de Maria... Ah! E pedi a Ela que ao oferecer-se por nós nesta Hora Santa, consiga-nos a graça infinita de amar com santa paixão e de fazer amar com zelo infatigável ao Coração de seu Filho Salvador).

Voz de Maria

Ninguém mais do que Ela tem certamente o direito de falar das intimidades do Coração de Jesus e de Suas próprias angústias redentoras. Escutemo-La com filial carinho:

Eu sou, desde o dia da anunciação do anjo, a mãe do Amor Formoso, e quero que as almas se abrasem nas chamas de minha caridade... Nesta hora mil vezes sublime e venturosa, desde o 25 de março (Festa da Encarnação do Verbo), em que Jesus e eu formamos uma só corrente de vida, pensei em vós, que me chamais vossa Mãe... e dizeis verdade, porque o sou...

(Lento e cortado)

Como tal gemi, solucei filhos meus, queimando com minhas lágrimas ardentes a face de Jesus Infante, em Belém inesquecível... Ao acalentá-lO então, ao contemplá-lO Deus e Filho meu entre meus braços, ao beijá-lO em sua fronte divina, eu Lhe oferecia, prevendo com inteira certeza o deicídio de séculos e mais séculos, que destroçaria, com dardo de pecado, o Coração de vosso Salvador. Eu, sua Mãe, levantava-O em alto ao Pai, rogando-Lhe, com martírios da alma, que aceitasse-O pela redenção dos filhos ingratos...

(Cortado)

Beijei suas mãos, que me acariciavam, e marquei suas chagas com meus beijos. Pus meus lábios em seus pés, consertando de antemão com meus ósculos as feridas dos ferros inclementes... Ungi sua fronte com minhas lágrimas e, sobretudo, pus minha cabeça, torturada com pensamentos de agonia, e depois minha boca, abrasada de sede a mais amor, em seu lado ardente, celestial... E nesse Getsemani de deliciosas amarguras, aí Jesus e eu, sua Mãe, resolvemos, amando e padecendo, a ressurreição de tantos pródigos do lar, de tantos renegados da Cruz e do altar...

(Pausa)

Oh, noite de paz e de tortura salvadora a que envolveu em suas trevas o berço de Jesus! Extática e de joelhos, Maria Santíssima velava o repouso do Menino, do Eterno, e meditava em outra Belém, com outro berço de repouso aparente e de perpétuo sacrifício: o Sacrário, contemplado à distância... Através dos séculos, via a Virgem amante e dolorosa esse portal permanente, indestrutível, onde Jesus Infante nasceria milhões e milhões de vezes entre as sombras de um altar humilde, para ser aprisionado em seguida no cárcere inerte, mas dulcíssima, de incontáveis Tabernáculos... Em cada um deles o Deus-Prisioneiro, Jesus, infinitamente pequeno, segue cochilando, enquanto seu Coração Divino vela sobre nós e enquanto, sobre seu Berço-Sacrário vela a Rainha de Seus amores, a Virgem Maria.

(Pausa)

As almas

Oh, sim, Jesus-Eucaristia, ao lado do dourado cibório que Vos aprisiona está vossa Mãe; Ela Vos nos presenteia nesta Hóstia Sacrossanta! Louvai-A, Senhor, em Vosso nome, já que Vós também Lhe deveis o ter realizado Vosso anseio de encontrar Vossas delícias entre os filhos dos homens... Cantai-Lhe com os anjos de Vosso Santuário, engrandecei-A com os anjos de Vosso Paraíso, glorificai-A, com os filhos, com os desterrados que A chamam sua Mãe, gemendo neste vale de lágrimas. Ah! Em obséquio a Ela, a quem não podeis negar nada, dai-nos, Senhor, o reinado de vosso Coração em Vossa Santa Eucaristia. Não queirais permitir que fiquem defraudadas Vossas esperanças e as de Vossa Mãe, sempre onipotente na causa de Vossa glória.

(Cortado e veemente)

Reinai, Jesus Sacramentado, entre os afligidos, como um consolo, naquele Pão consagrado de cada dia, que nos dá a Rainha das Dores.

Reinai, Jesus Sacramentado, entre os meninos, como uma proteção de inocência perfeita e de sinceridade, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha das Virgens.

Reinai, Jesus Sacramentado, entre os pobres e desamparados, como um alento em tantas penalidades, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a humilde Rainha dos pastores de Belém.

Reinai, Jesus Sacramentado, entre os sacerdotes, como um fogo em amor de santidade e zelo, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha dos Apóstolos.

Reinai, Jesus Sacramentado, nos lares, como virtude de fé vivíssima nas almas dos pais e os filhos, mediante aquele Pão consagrado de cada dia que nos dá a Rainha do Éden de Nazaré.

Reinai, Jesus Sacramentado, no Episcopado, em Vosso Vigário, em Vossa Igreja, com um Pentecostes de caridade abrasadora, mediante aquele Pão consagrado de cada dia, que nos dá a Rainha onipotente do Cenáculo.

Jesus amabilíssimo e adorável do Belém dos Sacrários, pagai os desvelos, os ósculos de ternura, os abraços, as lágrimas de Vossa Mãe, Seus delíquios de amor junto a Vosso berço pajeia, coroando a Maria Imaculada, com as glórias e os triunfos de Vosso Coração Sacrossanto.

(Pausa)

Queixas de Maria

Sua voz dolorida é a de uma Mãe cruelmente ferida, que pede compaixão aos filhos fiéis, pela decepção dos outros..., dos pródigos, que no mesmo lar, oprimem com amarguras seu Coração Santíssimo. A história de Jesus de Nazaré não é história antiga; é, hoje em dia, uma triste história de dores que cercam ao Filho e a sua Mãe cercados de agudíssimos espinhos... Que nos fale a Virgem Dolorosa:

Uma terra estranha, uma terra de gentis, de inimigos, brindou um asilo a meu Filho-Deus lá no Egito. O deserto mitigou seus ardores e seus oásis tiveram mananciais e refrigérios que nos negaram os ingratos, os preferidos nazarenos...

Ai, como feriu o Coração de Vosso Deus esse desdém de soberba, essa inveja inflamada dos de Sua própria casa! Aí onde deveriam aclamá-lO batendo palmas, tramaram com ira contra Ele, e procuraram pedras para ultimá-lO, e um horrendo abismo para precipitá-lO com Sua glória... Choramos juntos, Jesus e Maria, os desvios dos nossos, o desprezo altivo e injurioso daquela Nazaré de tantos e de tão suavísimas recordações... A solidão nos fez silenciosa companhia. E o ódio nos teceu, nesse terreno de ternuras, nossa primeira coroa de espinhos... Aí onde eu, sua Mãe, contemplei-Lhe, Menino e adolescente, aí onde cantei sua formosura divina, a coro com os anjos, vi-O amaldiçoado, e tive de chorar o desconhecimento com que Nazaré recusou ao manso Redentor...

Ai! Sua pena e a minha se afundavam, pensando nas idades por vir, prevendo que tantos filhos azarados, que tantos cristãos soberbos e renegados, desconheceriam a sua voz, no seio mesmo de Israel e da Igreja, a lei de graça e a verdade do Senhor Jesus.

Oh, sim! Viu-os fugindo do cercado do Pastor, longe e esquecidos do lar do Pai celestial... Vós, filhos meus, porque sois os irmãos menores de Jesus, meu Primogênito, e que viestes em procura de seu Coração Divino, consolai-O em seu desamparo... Tomai meu amor, minhas finezas e meus sacrifícios e ponde-vos na ara do altar, como um holocausto de reparação cumprida. Vossa Rainha vos pede para Ele uma íntima prece... Eu, a Imaculada, a Virgem-Mãe, quero repetí-la convosco...”.

(Digamo-la em união com Maria)

(Lento e cortado)

As almas

Jesus de Nazaré, retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós! Não cedais, mil vezes não, ao clamor de um mundo mau, que Vos arroja e Vos fere com desprezo de altivez satânica... Retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós... São muitos, Senhor, os que amaldiçoam Vosso nome e negam Vosso Evangelho; mas, vede, estamos tão resolvidos, somos tão Vossos os que Vos suplicamos, que não Vos vades jamais, jamais, de nosso lado; retornai, pois, e ficai encadeado, como Rei, entre nós... Que faria o mundo sem Vós, que sois sua paz; sem Vós, que sois seu céu? Que faria, senão gemer entre correntes por ter Vos desterrado, sendo Vós sua liberdade?...

Os desgraçados que assim puderam Vos ofender, não souberam o que fizeram, perdoai-lhes... Salvador benigno, retornai e ficai encadeado, como Rei, entre nós... Ah! Os mesmos que, como os nazarenos ingratos, Vos arrojaram de Vosso solo e de Vossa casa, estranharão um dia o calor de Vosso Coração, que salva e que perdoa; recordarão que Vós, que só Vós, dissestes a verdade, ensinado a justiça e esbanjado a misericórdia... E então, muitos desses mesmos Vos chamarão e Vos rogarão com lágrimas que volteis...

Retornai Jesus, retornai então perdoando, e ficai para sempre encadeado, como Rei, entre nós. Sim, para sempre; não Vos vades, não nos deixeis jamais... Mestre; por isso viemos em nome de todos os ingratos da terra, e para eles e nós Vos pedimos:

(Todos em voz alta)

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Viemos procurar-Vos em nome de muitos enfermos da alma, de muitos que vacilam entre dois abismos: o do pecado e o do inferno, e para eles e nós, Vos pedimos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Chegamos a vossos pés em nome dos agonizantes, que na vida Vos falaram mal, que em sua juventude Vos feriram e esqueceram... Pobrezinhos, precisam clemência infinita; e por isto, para eles e nós, Vos pedimos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Aproximamo-nos ao Vosso Sacrário em nome de tantos pais que esqueceram seus deveres para convosco, em nome de tantas mães que padecem de amarga incerteza pelo porvir eterno do esposo e dos filhos; para eles e nós, Vos pedimos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Viemos, cheios de confiança em Vossa misericórdia, a pedir-Vos, sem vacilações, grandes prodígios e aqueles milagres de ternura, prometidos à Hora Santa e à Comunhão freqüente e cotidiana; viemos pedir Vosso reinado na conversão de muitos e de grandes pecadores; para eles e nós, Vos pedimos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Aqui nos tendes, Senhor, trazidos por vossa Mãe; inspirados por Ela, viemos pedir-Vos pelas almas boas, por vossos Apóstolos, pelo sacerdócio, pelos corações que Vos estão consagrados e que Vos fizeram promessa de viver em santidade...; para eles e nós, Vos pedimos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

E, enfim, oh, Deus Sacramentado! Viemos em demanda do enorme triunfo, universal, decisivo, de vosso Coração em Vossa Santa Igreja, em vossa Eucaristia, em vosso Evangelho, em vosso Vigário. Para os meninos e dirigentes, para os ricos e os pobres, para os cristãos, os hereges e os gentis, para todos, Jesus, para todos, e em especial para nós, Vossos amigos, pedimo-Vos:

Vosso Coração Divino, Senhor Jesus.

Dai-no-lo hoje, Senhor, em nome e por amor ao Coração de Maria Imaculada...

(Pausa)

Ensinos de Maria

Uma Hora Santa é uma solene meditação de amor que leva a Jesus Cristo... Que caminho pode levar-nos a Ele que não seja o de Maria Santíssima, sua doce Mãe? E nestes dias em que nos rodeiam trevas tão espessas de ignorância e de pecado, ponhamos atencioso o ouvido às insinuações desta amável soberana. Que nos ensine, pois, os perigos do deserto. Ela, que o atravessou levando sobre Seu peito virginal, são e salvo, o Filho de Seu Coração Imaculado... Ouvi-A...

Filhos de meu amor e de minhas angústias, escutai-me: Não há senão um mal grave imponderável, só um, e é perder a Jesus, cujo Coração é a vida, o amor e o Paraíso! Eu, sua Mãe, perdi-O, durante três dias em Jerusalém, e minha alma padeceu agonias inenarráveis. Ai, sabê-lO ausente...; viver longe dEle, não O ver, não O sentir, não O possuir, depois de tê-lO estreitado sobre o coração, depois de tê-lO visto sorrir e chorar, depois de ter-Lhe entregado toda a alma num beijo de carinho, que suplício horrendo!... Mas que poderei dizer-vos se vos conto as dores de minha alma maternal, destroçada na tarde da Quinta-feira Santa com a suprema despedida?...

Que dor superou a minha dor, quando, o amanhecer da Sexta-feira Santa, trouxe-me a visão de suas ignomínias, de sua flagelação e de seus escárnios?... Sangue e espinhos, blasfêmias, ódio e gritos de morte; tal foi o quadro de desolação infinita que Deus Pai quis pôr ante meus olhos de Mãe, a mais triste e dolorida de todas as mães da terra... Dizei, vós que me amais, dizei-me nesta Hora Santa, se é possível, se conheceis uma dor semelhante a essa dor...

Filhinhos meus; não queirais saber jamais quão mortal é essa angústia. Jesus é vosso; eu, Maria, vo-lO entreguei; é inteiramente vosso; não queirais jamais, jamais, perdê-lO pela culpa grave. Os que conservastes ainda a pureza batismal, a inocência, oh, não O magoeis com a cruel lançada do primeiro pecado mortal, que rasga o lado do amabilíssimo Jesus. Essa primeira hora de orgulho, de prazer, na contramão de Sua lei; esse primeiro pecado grave, atravessa com dardo de fogo Seu Coração terníssimo!

Mas... Se tivésseis já caído, se vos tivésseis manchado, eu vos conjuro a que laveis com lágrimas essa afronta queimante do rosto de Jesus... Recobrai-o, filhos meus; vinde, vinde cedo, abraçai-vos a Seus pés e não O deixeis jamais... Ele vos ama tanto!... Amai-O!...

E em especial ouvi-me vós, mães de um lar, que deve ser o templo santo de Jesus, cuidai que o esposo e que os filhos não percam, por indiferença vossa, a companhia deliciosa de meu Filho-Deus. Que reine sempre neles... Sim, que fique, eternamente com o pai, com a mãe, com os filhos do lar cristão que O adora; que fique nos dias de inverno e de pesar nas horas de primavera e de alegria...

Almas queridas, amarrai-vos com paixão divina a Jesus Cristo, deixai que Ele vos encadeie para sempre, sobre o Coração, entre seus braços... Ah, não O percais jamais!..."

(Digamo-lo nós mesmos ao Senhor Sacramentado)

As almas

Jamais Vos abandonaremos, Jesus, com o auxílio de Vossa graça e de Vossa Mãe, jamais! Mas como nossa fragilidade é tanta, rogamo-Vos, Salvador amado, que não nos deixeis longe de Vossa mão, que Vós também Vos acorrenteis a nós, por vossa grande misericórdia...!

(Lento e cortado)

Coração de Jesus, não nos deixeis nos abismos de tentações que nos assediam, como feras famintas do inferno; não consintais que nós Vos percamos.

Coração de Jesus, não nos deixeis nas grandes debilidades do coração humano, tão propenso às seduções do amor terreno; não consintais que nós Vos percamos.

Coração de Jesus, não nos deixeis no desespero de nossos males, porque Vós bem sabeis que certos sofrimentos adoecem de morte a alma; não consintais que nós Vos percamos.

Coração de Jesus, não nos deixeis nas desolações e solidões em que, com freqüência, abandonam-nos as criaturas que não sabem amar como Vós amais, e que são indiferentes às nossas penas ou não podem aliviá-las...; não consintais que nós Vos percamos.

Coração de Jesus, não nos deixeis no abismo de nossas constantes recaídas, naquelas prostrações de nossa débil vontade, tão incostante, no propósito de amar-Vos com verdadeiro sacrifício; não consintais que nós Vos percamos.

(Breve pausa)

Por amor da Virgem Mãe, Vos conjuramos que permaneçais, Jesus, sempre a nosso lado, não queirais jamais dormir durante a tempestade, na barca tão frágil de nosso paupérrimo coração, que hoje em dia Vos ama.

(Todos em voz alta)

Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nos momentos de amargura:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nos dias de debilidade moral:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.
Nos momentos de vacilação e incerteza:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nas horas de fastio e de cansaço:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nas ocasiões tão freqüentes de esquecimento de nós mesmos:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nos dias de desalento em Vosso serviço:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nas horas de fragilidade e de queda:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nos momentos de dúvida perigosa ou de temível ilusão.
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Nos dias de doença e nos perigos de morte:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Em nossos derradeiros instantes, nas convulsões da suprema agonia:
Coração de Jesus, em Vós confiamos.

Jesus, amor de nossa vida e amor de nossos amores, confiamos nossa existência, nossas tribulações e a esperança final de nosso céu, em vosso benigno, em Vosso doce, em Vosso misericordioso Coração...

Dores inenarráveis de Maria

Suas agonias foram mais amargas e mais fundas do que o oceano; as lágrimas de Sua alma virgem, maternal e mártir, se convertessem em luz, formariam muitos sóis... Que Ela no-lo diga. Falai-nos Vós, Maria Santíssima, Rainha dos mártires!...

Minhas dores são inenarráveis, porque não são minhas; são as agonias do Coração de meu Jesus que inundam, como um mar embravecido, meu coração de Mãe... É a dor infinita de um Filho-Deus, o que torturou minha alma com aflições sem medida... E como não ia ser assim quando vi banhado em sangue, coberto de injúrias, vexado com maldições, pisoteado pelos soberbos, escarnecido pelo lodo dos caminhos a meu Senhor, ao Filho de minhas entranhas, a meu Deus e meu tudo!...

Vi-O através de minhas lágrimas; vi-O, por iluminação do alto, na via, perpetuamente dolorosa de séculos e mais séculos, sempre ofegante, sempre desolado e triste, sob o madeiro infame de todas as perfídias... O vi à distância, concluída sua vida terrena e a paixão de seu Calvário; vi-O arrastado sempre pelas multidões, despojado de sua realeza, coroado de espinhos, burlado em sua soberania, cuspido naquele rosto que é o encanto de todos os bem-aventurados...

Vi-O, filhos meus, na costa desse Gólgota perpétuo, seguido pelos hipócritas, pelos impuros, pelos sacrílegos, pelos traidores, pelos blasfemos, e todos, com ira na alma, com fel nas palavras, xingavam-nO, a Ele, que abençoava entre soluços e que perdoava agonizando...

Vi-O !oh dor!, procurando com o olhar, desde milhares de Sacrários empoeirados, desde a prisão do Tabernáculo, quase sempre solitário, procurando à distância os olhos do amigo, do irmão, da esposa, do consolador e do apóstolo; e quantas vezes, quantas, não encontrou senão o silêncio, o esquecimento e a solidão e a frieza, que renovou a profunda ferida de Seu peito destroçado!... Ah, e o vi morrer, e morrer inutilmente, esterilmente para tantos infelizes pecadores, para tantos filhos renegados de Seu Templo, de Sua Cruz e de Sua Lei!...

Pelo menos, vós, Seus amigos, que trazeis o lenço de pureza e de carinho da amantíssima Verônica, vós, que O conheceis de perto, subi comigo, Sua Mãe, subi até Seu lado aberto, e coloqueis aí, num beijo apaixonado, a alma, excitada em viva caridade. Vinde, choremos juntos tantas desventuras; vinde, e amemos em nome de um mundo que lhe deu a morte com a apostasia de perversa ingratidão...

(Pausa)

(Não esqueçamos; a história da horrenda noite da Quinta-Feira Santa, do pretório, da Via Dolorosa, é história escrita hoje com caracteres de culpa deicida e é culpa nossa. Pecaram nossos pais, pecaram os carrascos, e nós seguimos recaindo no pecado. Ah! Consertemos e lavemos, se preciso for, com sangue, nossa própria afronta. Digamos a Jesus Sacramentado uma palavra de amoroso desagravo).

As almas

Senhor, lembrai-Vos que dissestes que viestes dar a vida e a dá-la com superabundância inesgotável; pedimo-Vos, por Maria Imaculada e por vosso Coração piedoso:

(Todos em voz alta)

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Senhor, lembrai-Vos que dissestes que viestes em procura das ovelhinhas desgarradas de Israel. Ah! Não as desampares entre os espinhos do caminho extraviado; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e por Vosso Coração piedoso:

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Senhor, lembrai-Vos que prometestes celebrar no lar de Vossas ternuras a chegada do pródigo arrependido, com cantares e festejos de anjos; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e por Vosso Coração piedoso:

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Senhor, lembrai-Vos que, convidado à mesa de Vossos inimigos, dos pecadores, aceitastes o convite para conquistá-los, em seguida, com palavras de ternura e de esperança; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e por Vosso Coração piedoso:

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Senhor, lembrai-Vos que procurastes sempre com marcada preferência aos mais caídos, e que Madalena, a Samaritana, o Bom Ladrão e tantos culpados, saborearam a suavidade infinita de Vosso Evangelho; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e por Vosso Coração piedoso:

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Senhor, lembrai-Vos, por fim, em vossa vida de Hóstia redentora, que perdestes a vida terrena por perdoar ao homem, e que expirastes convidando ao céu de Vosso Pai a um ditoso azarado que adoçou Vossa agonia e comprou Vosso Paraíso com uma só palavra de arrependimento humilde; pedimo-Vos, pois, por Maria Imaculada e por Vosso Coração piedoso:

Que não sejais nosso Juiz, senão nosso doce Salvador.

Que assim seja Jesus, em especial para aqueles que souberam consolar-Vos na Comunhão Reparadora e na belíssima prece da Hora Santa. Cumpre com eles e os seus Vossas promessas de misericórdia.

(Pausa)

Triunfos de Jesus e Glórias de sua Mãe

O filho de Maria é Deus em Sua morte e deve ser Deus em Seu triunfo. Os resplendores que cobrem o sepulcro despedaçado envolvem Sua Cruz, Sua Igreja, Seu Tabernáculo e glorificam à Virgem Maria. Mas esse triunfo do Senhor Crucificado, é um triunfo secreto e misterioso, é uma vitória, íntima como a graça e como as almas...

Assim é como esse Deus, realmente